outubro nº 24

Ambra
2 min readOct 7, 2022

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um ano tem 12 meses, um mês tem entre 28 e 31 dias, e um desses dias de um mês do ano é sempre o aniversário de alguém (não quero aqui desmerecer as semanas, mas o recorte me força a omiti-las, não tenho tanto tempo assim).

o dia 8 de outubro, oito do outu que não é oito (maldito júlio césar) é o meu. 24 anos atrás, em um outubro como qualquer outro, minha mãe estava prestes a parir quem hoje sou eu. e cá estou, em mais uma aula, mais um outubro, mais uma palavra de um texto que não sei ao certo pra onde vai. economia política é uma matéria tão desinteressante que me fez sentir vontade de escrever como hobby novamente, algo que não faço há mais tempo do que gostaria, mesmo escrevendo todos os dias nesse período.

nesse outubro em específico, passo por um período de transição em tantos aspectos da minha vida que até a mudança está em trânsito. entre os 23 e os 24, entre formanda e formada, entre primeiro e segundo turno, entre a série b e a série a, entre a ficção e a realidade, entrançada nos meus próprios dilemas. acho que escrevo sempre por obrigação, porque preciso perscrutar algo que não fica claro a não ser no papel — que é cada vez menos papel.

ao contrário dos que celebram seus aniversários no fim do mês, nunca senti que o mês do meu aniversário era meu; passada uma semana, o bolinho, os presentes, as mensagens, tudo volta ao normal por outros 350 dias, a ansiedade do dia voltando apenas às vésperas do outubro seguinte. talvez esse outubro seja o primeiro em que sinto ansiedade por completo — não pelo aniversário, que vai vir e passar como sempre, mas porque a grande maioria das minhas pendências chegarão ao fim, que é também o começo.

os 24, a entrega do TCC, o 13 confirma, o acesso e a glória estão mais perto do que nunca, assim como estão perto os imprevistos, os deslizes, as dificuldades e os piores cenários. estar nesse entre-lugar é também estar a mercê do destino; não há certeza de coisa nenhuma e o que nos resta é esperar, é esperança.

como se manter calma diante de uma vida inteira que muda? a concentração desses eventos em outubro tem algo de poético que ainda não consegui decifrar, mas que relato a fim de registrar. nunca mais estarei nessa mesma aula (amém), com essa mesma roupa, tendo essa mesma preocupação e sendo essa mesma pessoa. aliás, tenho certeza que já mudei desde o parágrafo inicial.

daqui um mês será novembro, outros prazos, outros eventos, outras preocupações, outras ambras. mas isso é assunto para um próximo momento. uma coisa de cada vez, pois preciso continuar bem. um dia de cada vez, que outubro está longe de acabar. a aula é que acabou agora, vou rápido pra não perder minha carona.

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