do “mouseion” aos museus de hoje

refletindo acerca do futuro do museu enquanto lugar que nos conta sobre nosso passado e presente

Ambra
3 min readSep 1, 2020

na longínqua segunda semana de aula, em março, o texto lido foi da Letícia Julião, intitulado “Apontamentos sobre a História do Museu”. eu faltei essa aula pois tinha uma viagem marcada e acabou sendo a minha última saída de casa antes do país “parar” por conta do coronavírus (ou, pelo menos, antes da ufrgs parar).

depois dessa foto que tirei do pão de açúcar, basicamente todas as outras desse ano são em casa

nesse texto, a autora faz um levantamento sobre a história do museu no Brasil e no mundo, e ressalta a importância de adequar essa instituição às demandas atuais da sociedade. Julião fala sobre as origens do museu e sobre o surgimento dos primeiros museus no Brasil; segundo ela, esse espaço como conhecemos hoje era muito diferente antigamente, visto que muitas obras grandiosas estavam “guardadas” em coleções privadas de príncipes e intelectuais. é somente após a Revolução Francesa, e especialmente a partir do começo do séc. XIX, que as instituições museológicas ganham força por toda a Europa e consequentemente chegam ao Brasil, sendo nosso primeiro museu o Museu Nacional, criado em 1818.

fachada do prédio do Museu Nacional, antigo Museu Real do Rio de Janeiro, localizado na Quinta da Boa Vista. foto: UFRJ

a autora traça brevemente um panorama do museu no Brasil nos séculos XIX e XX, dando atenção especial ao momento em que é criado o SPHAN, o serviço do patrimônio histórico e artístico nacional, em 1937. a partir daí começa no país a implantação de uma política para o patrimônio cultural, cuja organização e preservação passa a ser de extrema importância — algo que em um primeiro instante parece bom, mas que se mostrou uma medida bastante elitista e redutora da história dos diversos grupos étnicos e sociais brasileiros. nos anos 60 as demandas desses grupos se tornam mais audíveis, e é nos anos 80 que finalmente passam a ser produtores de cultura e sujeitos da história, princípio que vira direito do cidadão na Constituição de 1988.

considerando esse movimento de popularização e democratização da cultura, não só no Brasil mas no mundo todo, os museus começam a passar por um processo de renovação, buscando reformular e expandir sua atuação na sociedade. Julião apresenta diversos argumentos pra mostrar os méritos e as dificuldades pelas quais o museu passa hoje em dia, entre eles o de entender seu papel enquanto um lugar a serviço do ser humano e de se tornar uma instituição social, cultural e educativa; o aumento de museus especializados em vários temas relevantes, e o relacionamento desse espaço com o mercado por meio de empresas e da iniciativa privada.

assim, na atualidade, o museu passa a ter o público como sua principal preocupação e cuidado. entretanto, como fazer com que toda a sociedade se sinta contemplada e representada? como englobar todas as identidades e memórias coletivas dos grupos sociais em um ambiente que, há pouco tempo atrás, contava apenas uma história, que supostamente representava a todos? como escolher, no meio de tantas pluralidades, o que é patrimônio cultural e o que não é? e como evitar que esse patrimônio vire um produto de consumo cultural, um mero espetáculo? a autora traz algumas das respostas que ela considera adequada pra essas perguntas, mas aqui vou deixá-las em aberto. o que vocês acham?

acho que eu já tenho algumas respostas mas vou deixar pra falar mais sobre isso no meu post final do semestre, em novembro :) no mais, recomendo muito a leitura do texto na íntegra pra que se interessa pelo tema. é um texto curtinho, de 14 páginas, e pode ser encontrado aqui.

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